Uma das motivações para o lançamento da Ecologia Cognitiva foi a visão de como o futuro da tecnologia envolve a fusão de três entre as ciências que mais rápido se desenvolvem na atualidade -- à saber: Nanotecnologia, Biotecnologia e Informação -- com a pesquisa Cognitiva. A interação entre este conjunto de conhecimentos e engenharias impulsionou de tal forma a produção de novas premissas que passou a ter denominação própria -- NBIC --, e as possibilidades imaginadas neste contexto vislumbram ferramentas capazes de aumentar drasticamente a performance individual e de grupos em futuro próximo. Este cenário inclui variáveis totalmente novas em nossa relação cognitiva com a realidade, e na forma como as estruturas sócio-políticas se posicionam em relação a substâncias / tecnologias psicoativas -- vale à pena explorar.
Lynch (foto) refere-se a Schumpeter e à teoria dos ciclos econômicos para demonstrar a regularidade do que chamou "Ondas Tecno-Econômicas", detalhando também as variáveis sócio-politicas específicas de cada onda, ou período. No caso da Neurotecnologia, múltiplas tecnologias convergentes -- como o desenvolvimento de nano-biochips em condições de realizar leituras e análises de DNA, RNA e proteínas -- irão viabilizar sistemas confiáveis de bioanálise por volta de 2010. Outra dimensão do desenvolvimento das tecnologias que impulsionam a neurotecnologia é a forma como a informática e a neurociência estão viabilizando procedimentos de visualização dinâmica do funcionamento do cerébro humano.
A indústria farmacêutica gasta hoje 30 bilhões de dólares/ano em pesquisas baseadas em modelos animais para pesquisar os mecanismos biológicos envolvidos nas desordens mentais -- ou seja, tentamos entender como uma substância poderá impactar no comportamento humano observando ratos. O resultado do rápido avanço das tecnologias convergentes acima citadas e da queda do custo dos nano-biochips e das técnicas de scaneamento cerebral, além da alta taxa de inovação esperada para o período, poderá viabilizar já em 2020 a produção de ferramentas para a saúde mental revolucionariamente novas. Lynch batizou-as de "neurocêuticos".
Os psicofarmacêuticos conhecidos hoje atuam no nível dos receptores e a dose é baseada na previsão do tempo em que a substância permanece no organismo. Tais ferramentas de saúde mental custam em média 800 milhões de dólares para serem desenvolvidas e colocadas no mercado, podendo este processo levar até 15 anos. Segundo Lynch, a 'indústria neurocêutica' em 2020 será bem diferente, assim como seus produtos. "Neurocêuticos" poderão atuar, ativar e regular conexões neurológicas selecionadas em regiões específicas do cérebro, sem alterar processos adjacentes. Em síntese, será possível realizar regulação intracelular dinâmica nestes sistemas.
Uma nova Ecologia Cognitiva?
Emoções determinam a sociedade humana. Medo e raiva convivem em pensamentos conscientes fora de nosso controle, e simplesmente desejar que a ansiedade e a depressão desapareçam quase nunca funciona. Os avanços na ciência do cérebro e na biotecnologia poderão mudar esta realidade em breve, tornando possível a indivíduos controlar de forma significativa a própria saúde mental. Com o foco inicial em reduzir a severidade de doenças mentais, a mesma tecnologia irá também tornar possível para cada indivíduo melhorar sua clareza cognitiva, seu controle emocional, e aumentar a capacidade perceptiva dos sentidos.
Quando as pessoas puderem escolher influenciar as próprias emoções, quais os impactos na inovação corporativa, na opinião política e nas relações interpessoais? Quando indivíduos puderem aumentar a capacidade de memória e acelerar o aprendizado adulto, como isto irá alterar o padrão da vantagem competitiva? Na medida em que se torna possível extendermos nossos sentidos da visão, audição e gosto de forma segura, o que isto irá significar para a exploração artística e para o entretenimento? O que dizer das questões éticas, e também da segurança nacional?
A Ecologia Cognitiva se propõe a acompanhar o tema na web linkando, comentando e abrindo o espaço para a discussão de todos que se sentem atraídos pelo tema. Algo a dizer?
|