Enquanto isso no Afeganistão -- país responsável por 90% da produção mundial de ópio (que deriva heroína, morfina, etc.) -- , foi realizado entre os dias 26 e 28 (semana passada) o "The Kabul International Symposium on Global Drug Policy", promovido pelo instituto de pesquisa em políticas públicas para drogas, "The Senlis Council".
Num momento em que os EUA concentram centenas de milhões de dólares para serem usados neste e no próximo ano em um ataque total à economia do ópio, congregando Rússia, Inglaterra e a própria ONU, o simpósio cumpre o objetivo de explorar a noção radical de um modelo possível de licensiamento da produção de ópio afegã, desviando a colheita do mercado negro para o legítimo mercado global de remédios. Dessa forma seria removida a principal fonte de ópio ilícito, e ao mesmo tempo disponibilizada medicação opióide para dor a preços baixo para populações carentes.
O evento contou com apreciação positiva de editorial do NYTimes, e tem atraído alguma atenção da mídia, mas o governo do Afeganistão (que tudo indica estar em contato íntimo com ambos os lados da guerra) não parece interessado em mudar a situação atual. O mais interessante de se acompanhar sobre o assunto são as blogadas do Phill Smith, editor do Drug War Chronicle, que após relatar o evento com detalhes diretamente de Kabul, está em campo atrás de entrevistas com algum fazendeiro local para colher impressões dos verdadeiros interessados na questão. Estamos contigo nessa, colega!!
Em tempo: dado o grau de pobreza que atinge o país, parece uma atitude irresponsável por parte de oficiais descartar a opção econômica lícita. Porque os australianos podem plantar ópio legalmente e não os afegãos?
terça-feira, outubro 04, 2005
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